Em entrevista dada à uma emissora de televisão, na manhã desta terça-feira (26), fica claro o desprezo do prefeito Eduardo Braide (PSD) ao transporte público e aos que dele dependem.
Ao falar do maior chamariz de seu penúltimo ano de governo, o programa “Trânsito Livre”, Braide se limita a comparar o tempo de viagem levado por veículos particulares. “Aquele horário das 18h ou de mais cedo, carro que passava 30/40 minutos, passa agora um ou dois minutos”, disse o prefeito sobre os supostos resultados das intervenções realizadas na Avenida dos Holandeses.
Além de não encontrar base na realidade, o exemplo escancara como Braide vai na contramão dos gestores das grandes cidades pelo país e mundo afora.
Em Curitiba, por exemplo, desde o final dos anos 80 se investe em corredores de transporte com utilização de ônibus biarticulados, o chamado BRT. Os conjuntos semafóricos priorizam a passagem dos ônibus, reduzindo significativamente o tempo de viagem.
É manifesta a preferência de Braide pelo individual ao coletivo, tanto que o prefeito mostra completo desconhecimento do sistema urbano da capital maranhense, ao qual gerencia.
“Boa parte da frota que transita em São Luís é de ônibus do sistema semiurbano”, afirmou erroneamente. Segundo a MOB, 385 ônibus compõem o sistema semiurbano da Grande Ilha, número que representa somente 30% da frota que circula na capital. Os demais 70% são ônibus urbanos, cuja responsabilidade é da Prefeitura de São Luís.
A precariedade da frota e a desorganização de horários e linhas são apenas alguns dos problema enfrentados pelos usuários dos ônibus de São Luís. A falta de abrigos nas paradas e sucateamento das existentes afligem diariamente a população.
Em diversos pontos da Avenida dos Holandeses, a menina dos olhos de Eduardo Braide, trabalhadores e estudantes precisam aguardar os ônibus sob sol e chuva, ou disputar a sombra de postes e letreiros.
