O resultado da votação das duas listas tríplices do Superior Tribunal de Justiça (STJ) trouxe sinais claros ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministros que tentaram influenciar a escolha dos nomes para as duas vagas na Corte, como Gilmar Mendes e Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF).
As listas finais revelaram que, mesmo no STJ, onde o lobby de outros poderes é frequente, há um limite para a pressão. Nos últimos dias, a campanha nos bastidores foi intensa em favor dos candidatos preferidos por essas autoridades, com ameaças veladas contra quem não apoiasse o nome defendido pelo Palácio do Planalto, Rogério Favreto. Apesar da força de Dino e Gilmar, o desembargador Ney Bello também não figurou nas listas.
O resultado também mostrou que os antigos grupos de influência dentro do STJ, que por anos controlaram as votações, perderam força. A liderança do ministro Luis Felipe Salomão, que outrora comandava o apoio de cerca de 15 magistrados, tem sido gradualmente substituída por novas lideranças, como a do atual presidente da Corte, Herman Benjamin. Benjamin trabalhou intensamente para garantir a inclusão de mulheres nas listas, e Antonio Carlos Ferreira, outro articulador importante, foi fundamental na implementação da votação eletrônica.
Nas listas tríplices, o STJ surpreendeu ao incluir mulheres em ambas as seleções: Daniele Maranhão e Marisa Ferreira dos Santos, desembargadoras dos Tribunais Regionais Federais da 1ª e 3ª regiões, respectivamente, e a procuradora de Justiça de Alagoas Maria Marluce Caldas Bezerra, na lista do Ministério Público.
A escolha pegou muitos de surpresa, principalmente aqueles que ainda apostavam na influência de padrinhos políticos poderosos.