Dino no STF terá consequências imediatas e drásticas

Se confirmada a indicação de Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal, o xadrez político maranhense terá uma movimentação brusca. A posse na vaga de Rosa Weber, já no próximo mês de outubro, representaria a renúncia do ex-governador não apenas ao Senado Federal, mas também à vida política.

O primeiro efeito prático será a efetivação da senadora suplente Ana Paula Lobato (PSB-MA) no cargo. Um novo rosto no cenário político maranhense, ela teria um mandato senatorial quase completo, com tempo de sobra para se consolidar no estado – se assim desejar.

Seu esposo, o deputado estadual Othelino Neto (PCdoB), seria fortalecido como consequência.

O PCdoB, de Othelino, não teria um destino tão feliz. Com Dino fora da política e sem poder nas decisões partidárias, o partido sofreria ainda mais com o esvaziamento que já o abateu. Partidos como o PP, do ministro André Fufuca, e o Republicanos, do deputado federal Aluísio Mendes, tendem a dividir o espólio comunista.

O PSB, hoje sob controle formal de Dino, passaria para as mãos do governador Carlos Brandão ou de alguém por ele indicado. O cálculo é simples: Brandão – e não mais Dino – passa a ser a figura política mais influente do estado. É a ordem natural das coisas.

O clã brandonista teria sob suas asas duas grandes forças partidárias, o PSB e o MDB, para ganhar terreno em 2024.

As eleições municipais do ano que vem serão severamente afetadas com a pausa de Dino na vida pública. Sem partido, sem influência e sem poder viajar ao Maranhão para fazer política, sob pena de ter os holofotes da imprensa nacional sobre ele, algumas dezenas de prefeitos e candidatos que tinham no ex-governador um “puxador de votos” terão de se virar sem Dino.

O Supremo amarrará Flávio ao exercício restrito da Justiça. Não se faz política usando a toga. Dino sabe disso, pois renunciou uma vez à vida jurídica para embarcar na política. Prestes a fazer o caminho inverso, deve estar pensando em uma forma de fazer o raio cair duas vezes no mesmo lugar.

Não será tão fácil da próxima vez. Joaquim Barbosa mandou lembranças…

Texto publicado originalmente no Marrapá

FOTO: Antônio Cruz/Agência Brasil

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