Professores da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) e da Universidade Estadual da Região Tocantina (Uemasul) estão em Estado de Greve. A posição foi adotada após realização de Assembleia Geral, que definiu para a próxima quarta-feira uma paralisação geral, caso as negociações com o Governo do Estado não avancem.
Entre as demandas dos docentes, está a valorização salarial da categoria. Segundo os profissionais, o déficit supera a casa dos 50%. A realização de concursos públicos e a conquista da autonomia universitária também são pautas buscadas junto à administração estadual.
Em julho, o SindUema já havia emitido uma Moção de Repúdio contra o governador Carlos Brandão (PSB), devido aos cortes de R$ 168 milhões no orçamento da Uema e de R$ 28 milhões no orçamento da Uemasul.
“Repudiamos também a atitude autoritária e antidemocrática do governador Carlos Brandão – PSB, que se recusou a agendar uma audiência com o SINDUEMA – SS do ANDES SN para receber a posição do sindicato a respeito da situação salarial dos professores do ensino superior estadual”, declarou o comunicado divulgado naquela ocasião.
Na tarde desta terça-feira (22), uma carta aberta dos professores da Uema e Uemasul foi divulgada. Confira na íntegra:
Carta dos professores
As Universidades Estaduais do Maranhão, UEMA e UEMASUL, são fundamentais para o desenvolvimento do Estado. Por meio de sua missão institucional de promover ensino, pesquisa, inovação tecnológica e extensão, essas instituições tem o potencial de formar profissionais qualificados e promover avanços no conhecimento científico, tecnológico e social em diversas áreas do saber. E isso não acontece ao acaso. São professores e professoras, pesquisadores e pesquisadoras que, após anos de dedicação e atuação no ensino de graduação e em programas de pós-graduação (especialização, mestrado e doutorado), envidam esforços diários para qualificar e formar gerações e gerações de estudantes que transformam esse conhecimento em produtos sociais que podem transformar a vida dos maranhenses e nortear o estado a patamares mais elevados de desenvolvimento econômico, social e ambiental.
A atuação abnegada e o cumprimento da missão docente, convivem com períodos de grandes dificuldades, em relação a questões de progressão na carreira e impactos salariais, que podem afetar a dignidade e manutenção da qualidade de vida dos professores (as). Neste particular, as perdas salariais dos professores da UEMA e UEMASUL, calculadas pelos índices oficiais do governo federal, alcançam o montante de 50,28%, considerando o período de julho de 2012 a fevereiro de 2023. Lá se vão 10 anos de corrosão salarial! Dito de outra forma: nossos salários estão reduzidos à metade. Além disso, é urgente, urgentíssimo a realização de concurso público para a recomposição do quadro de professores efetivos, hoje extremamente desfalcado. Mesmo professores concursados e aprovados em datas pretéritas até hoje não foram nomeados e convocados, inexplicavelmente. Essa situação reflete-se no alto percentual de professores substitutos com contratos temporários precarizados.
O governo do estado, ao não responder aos inúmeros pedidos de audiência e diálogo do SINDUEMA SSind do ANDES SN, legítimo e único representante dos professores, para tratar sobre esses problemas, demonstra cabalmente o descaso para com o ensino superior do nosso Estado e o olhar secundário que demonstra ter com as universidades.
Os professores lutam por reposição salarial há dez anos, com tentativa de diálogo com o governo, sem sucesso. Enquanto isso R$168 milhões foram retirados do orçamento das universidades estaduais (UEMA e UEMASUL) no primeiro semestre deste ano, sucateando ainda mais as instituições. Além disso, professores substitutos também sofrem com carga horárias de trabalhos abusivas, assédio moral, e o não pagamento de seus salários conforme suas titulações. Apesar da UEMASUL aprovar a remuneração dos professores substitutos à partir da classe inicial de suas respectivas titulações a reitoria da universidade entende que este direito vale apenas para os novos contratos, deixando os atuais professores contratados desamparados. Defendemos que este direito vale para os atuais contratos em vigência. É puro descaso com o ensino superior!!!
A greve se tornou a única forma de alertar e chamar atenção do governador e do governo estadual, após sucessivas tentativas de negociação, todas sem êxito. O SINDUEMA SSind do ANDES-SN, se mantém firme pela recomposição salarial, pela realização de concurso e pela autonomia da universidade, convocando a categoria dos professores dos diversos campi, da UEMA E UEMASUL para construir a greve a partir da constituição de comitês locais de greve nos diversos campi espalhados pelo Maranhão.
São Luís 22 de agosto de 2023
DIRETORIA DO SINDUEMA SSIND DO ANDES SN