As trajetórias de Flávio Dino e José Sarney na política maranhense apresentaram tantas divergências que se tornaram convergentes com o passar do tempo. A medalha no peito e o olhar de quem vê o semelhante como alguém abaixo de si são apenas alguns aspectos de similaridade entre os dois outrora algozes.
Enquanto Sarney é conhecido como um dos grandes expoentes do coronelismo no estado, com sua família tendo dominado a política local por décadas, Dino chegou ao poder com a promessa de quebrar esse sistema e renovar a política maranhense. Entretanto, ao longo do tempo, essa imagem começou a se desfazer.
Aquele jovem ex-juiz que sonhava em mudar o Maranhão se entregou em pouco mais de uma década aos caprichos, vaidades e benesses do poder, repetindo a trajetória daquele que tanto criticou na construção da carreira política.
Nos anos em que esteve governador do Maranhão, Flávio Dino acabou se distanciando dessa promessa e se aproximando do modo de governar que criticava. Favorecia aliados políticos, defenestrava adversários e agia de modo cruel com quem considerasse “inimigo”, se entregando de corpo e alma aos vícios e práticas que tanto condenava.
Que o diga o governador Carlos Brandão, alçado ao poder de forma entusiasmada pelo seu antecessor e tratado com frieza e até mesmo desdém de uns tempos para cá.
A forma centralizadora e ególatra de exercer o poder vai se desnudando a cada discurso e ação à frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública, onde o Brasil conhece a cada dia o jeito Dino de governar, aquele mesmo que penalizou os maranhenses por sete anos e três meses.