“A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”. A frase, cunhada por Karl Marx, ilustra bem o cenário pré-eleitoral de 2024 em comparação àquele vivido meses antes das eleições municipais de 2012.
O ano era 2011. O prefeito de São Luís era João Castelo. Isolado politicamente e assistindo às movimentações do jovem ex-vereador Edivaldo Holanda Júnior – que ele conhecia muito bem – para tomar-lhe o lugar no Palácio de La Ravardière, Castelo decidiu apostar tudo na classe média ludovicense.
Qual a melhor forma de tapear os olhos incautos da parcela do eleitorado que “acha que é, mas não é”? Máquinas nas ruas!
Assim, Castelo fez. Colocou o chapéu de obra, definiu alguns espaços de maior visibilidade e saiu escavando a cidade. Transformou o VLT em principal plataforma de governo de um segundo mandato que jamais aconteceria. Abriu o retorno do Bacanga ao meio, desalojou o Circo da Cidade e o Mercado do Peixe, e causou transtornos no Terminal da Praia Grande por meses a fio.
As pesquisas o mantinham na liderança, mas não era suficiente. A barreira dos 30% só foi superada no abrir das urnas, e com margem ínfima. No segundo turno, perdeu para o ascendente deputado federal Edivaldo Holanda Júnior.
Chegamos a 2023. O prefeito, Eduardo Braide. Isolado politicamente e assistindo às movimentações de um jovem vereador para tomar-lhe o lugar no Palácio de La Ravardière, Braide decide apostar tudo na classe média ludovicense.
Chapéu de obra na cabeça, redes sociais prontas para registrar tudo e escavação rolando solta. Os alvos? As rotatórias da cidade, especialmente da Avenida dos Holandeses, metro quadrado mais caro de São Luís.
Do Calhau ao Olho D’Água, passando pela Litorânea, jorram asfalto e dinheiro público para atender à sociedade de Instagram – os que “acham que são, mas não são” – enquanto as regiões periféricas e mais carentes de infraestrutura têm que se contentar com a presença do prefeito-blogueiro em horários alternativos.
O Trânsito Livre, preso na Holandeses, não chega nem perto da Ponte Bandeira Tribuzzi – obra de Castelo, inclusive. João Paulo, Anil, Monte Castelo, Centro, Vinhais, Cohab e a Zona Rural aguardam o tal do “menos tempo no trânsito, mais tempo pra você” que o pagador de promessas na condição de prefeito tanto repete.
Máquinas e escavadeiras, usadas por Castelo, voltaram com tudo sob Braide. A obra eleitoreira do VLT não deu em nada, o transporte público colapsou e continua sendo feito somente por ônibus, que não têm vez nas ações do prefeito de turno.
A um ano da escolha do novo prefeito de São Luís, Braide se vê como Castelo: sem partido, sem aliados, sob olhares de desconfiança inclusive dos poucos que o cercam.
A solução repetida daquele que, nos últimos anos de vida pública, ficou marcado por ter sido o primeiro prefeito de São Luís a não se reeleger, tende a produzir o mesmo resultado na disputa que se aproxima. E Braide pode se juntar a Conceição, Gardênia e Tadeu no ostracismo que virou sina aos ex-prefeitos da capital…